quarta-feira, 29 de julho de 2009

Retrospectiva: 10 de março de 2004


Já vivi tantas vidas. Cada vida diferente eu tive. São momentos na minha memória. Vivi e vivo como o pensamento. Minha mente pulsa freneticamente. Tenho várias idades. A idade oficial, a óssea e outras que possam inventar. Mas, nenhuma supera a idade do meu pensamento. Mente limpa. Não pensar em nada. Isso é coisa do passado. A cada segundo novas ideias. Uma nova palavra que escrevo, uma saudade que tenho, um passo que planejo. Tudo fundido, misturado. Um adeus em hora errada, a palavra certa no momento incerto, um pedaço de papel e o braço engessado. Minhas vidas são assim, essa mesma vida. São vidas perdidas, com um destino certo se quiser procurar. Se pensar é existir, sou um problema de explosão demográfica.

Retrospectiva: 15 de março de 2004


Como o tempo é estranho. Apaga mágoas, aumenta o ódio, traz a saudade. O tempo é o melhor amigo, maior conselheiro, o remédio certo. Alguns dias se transformam em meses. E, quando menos se espera, já se foram anos. O passado, que logo ali repousava, fica emoldurado na lembrança.

O tempo é uma chuva que cai incessantemente. A cada gota uma nova história que lava nossas vidas. A cada pingo mais água para as poças que se formam sob nossos pés. Ora fina e fria, ora uma tempestade com raios e trovões. Calmo, sereno, rápido, bravio.

(publicado originalmente em 15/03/04 no http://originalversion.blogger.com.br )

Retrospectiva: 17 de março de 2004




Amar, por quê? Por que se ama? O amor não tem razões, nem indicações. Ama-se. Ama-se um sorriso, um jeito doce. Ama-se o vazio da espera e o turbilhão de emoções do encontro. O brilho no olhar e um suave afago. Ama-se o suspiro, a respiração ofegante e a tranqüilidade do lar. Sem regulamentos ou momentos. Amar é se perder entre a luz do dia em busca do amado. É se encontrar no meio da noite. É sentir-se calmo frente à tempestade. Amar é não ter limites para o amor. É poder ser você mesmo nos momentos mais indevidos. É poder se atirar nos braços do desconhecido, e encontrar uma fortaleza. É a gota de chuva, é o café da manhã, o calor da cama.


(ps.: Este post fora republicado no dia 17/03/04. Como tive problemas com o blogger.com.br no passado, não tenho resgistros anteriores a março desse ano. Eu gosto do texto. Assim, mereceu a re-republicação.)

Retrospectiva: 24 de março de 2004

avisa...

avisa a todos que eu estou bem
avisa a meu bem que estou todo bem
avisa por aí que estou aqui
avisa
avisa por onde for que eu vou
avisa a tristeza que estou alegre
avisa a morte que eu quero viver
avisa a dúvida que estou certo
avisa meu amigo que sinto falta
avisa ao amor que o quero perto
avisa
avisa que eu não esqueci ninguém
avisa que eu não estou sozinho
avisa que eu não fui, que estou aqui
avisa

(texto posta no dia 24 de março de 2004, no primeir Original Version)

terça-feira, 28 de julho de 2009

Pequeno atraso

Eu gosto de sempre imaginar minha vida acompanhada de uma trilha sonora. Vivo um filme mesmo. O roteiro pode ser meio remendado, bem remendado para ser mais sincero. Algumas atuações são dignas de um Framboesa de Ouro. Contudo, minha trilha sonora é precisa.

Ou o meu conhecimento musical é muito vasto (fato que acredito não ser real) ou existem músicas que se encaixam em qualquer situação. Quase como ciganas que leem as palmas da mão e, com muita intuição e jogo de cintura, traçam nosso perfil e desvendam os mistérios do futuro.

O meu momento atual tem muitas canções. Uma mistura de musical, com comédia romântica e drama. Mas, uma música em questão casa perfeitamente com todo o processo. Eis um trecho:


It's like rain on your wedding day
It's a free ride when you've already paid
It's the good advice that you just didn't take
Who would've thought ... it figures

(Alanis Morissette - Ironic)

Como pode a vida ser tão irônica? Como podemos não ver os sinais que ela nos dá? Às vezes chega a ser cruel. Os infortúnios têm sua finalidade no movimento cósmico que seguimos. Uma pequena falta de sorte hoje pode significar a vinda de uma surpresa maravilhosa. O pequeno atraso na saída para o trabalho pode impedir que você embarque no ônibus que irá se acidentar, ou fazer com que chegue no trabalho logo depois que o elevador que vai pifar suba.

Contudo, há atrasos e atrasos... Aquele que o impede de chegar a tempo ao cinema e, assim, você fica sem ter seu primeiro encontro. Ou aquele que o cega para a verdade. A verdade que estava ali. Bem debaixo dos seus olhos. Só quando se atrasa - e a verdade se adianta - que você a vê. Infelizmente, muitas das vezes, a verdade tem passos rápidos e se afasta, deixando-nos a olha-lá com um ar de frustração. Fica a sensação de que não soubemos ou quisemos ou pudemos nem ao menos enxergar aquilo que agora nos faz tanta falta.

Quem sabe a verdade pare para tomar um café, e possamos alcançá-la ainda na esquina. Mas, sempre existe a possibilidade dela embarcar no ônibus que estava ali parado. E nós... Nós ficamos lá observando... Observando a verdade se afastar. Sem ao menos saber qual linha ela pegou.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Mudanças

Pensando em grandes mudanças. Tenho que cuidar de quem realmente importa...

quarta-feira, 22 de julho de 2009

"E você vai ser muito feliz... É só na vida acreditar."
(http://www.youtube.com/watch?v=nUiyc41QC98)

A canção de Lucinha Lins (Composição: Michael Sullivan / Paulo Massadas)gravada na história de muitos de nós que hoje beiramos os 30 anos fala de forma simples e pura sobre algo que, não importa nossa idade, sempre buscamos. A felicidade.

Como é difícil ser feliz. Ou seria como dificultamos nosso próprio caminho para a felicidade. Ou, ainda, como - por tolices da vida - atrapalhamos o caminho alheio. Tanto faz. A questão é que sempre complicamos o simples. Invariavelmente ignoramos o detalhe. E praticamente esquecemos do essencial.

Mas, por que? Por nossa necessidade de sempre racionalizar? Por nosso instinto de buscar a "verdade"? Não. Eu acredito que não. Na verdade, os seres humanos se deliciam sendo tristes. E, parece-me que a tristeza anda cada vez mais em moda.

Ficar triste, estar triste. Sim. Contudo, ser triste nunca. (Poderia entrar aqui no "Complexo de Gabriela", mas deixarei para outro post)

Eu sei que penso demais. Grande parte das vezes nem penso no que realmente importa. Porém, há algo que muito me agrada. Vivo revivendo mentalmente minha vida. O que me causa uns constrangimentos internos. Mas, sobretudo, me faz ver como sou feliz. Como pequenas coisas fazem esta minha alegria saltar aos meus olhos (deixando-os brilhando), estampar um sorriso, gargalhar de forma nada discreta e ter um momento em que realmente me encontro comigo.

São fatos tão diminutos que para os outros nem podem ser significativos. Minha felicidade se agiganta com um "!" no fim de um "bom dia", com aquele apertinho a mais nos abraços, com alguns segundos a mais de um beijo, quando ganho mais do que um aperto de mão, quando vejo aquele emoticon do Messenger que tem óculos de grau de aro preto, com o despertar recebendo um "oi", com uma ligação inesperada, com um almoço entre amigos, com uma visita, quando descubro que ainda há um restinho de água no meu copo ou uma última batatinha, quando chego na parte de chocolate do meu "Molico sensação", quando como camarão, quando penso na minha infância, quando ouço uma voz amiga...

Acordei, mesmo depois de uma noite pessimamente dormida, com uma vontade de ser "muito mais feliz".

terça-feira, 21 de julho de 2009

Ahhhhhhhhhhhhhhhh!

Gritar...
Queria gritar bem alto a plenos pulmões.
Mandar para bem longe o que está preso.
Gritar sem me preocupar com o que pensarão de mim.
Sem me preocupar com o que pensarei depois.
Gritar por gritar.
Para me fazer ser ouvido.
E poder escutar o que tenho a dizer.
Mesmo que as palavras não façam sentido.
Mesmo que não possa ser dito.
Mesmo que ninguém entenda.
Mesmo assim, gritar.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Amigos

Há momentos em que tudo que precisamos é a companhia de amigos. Contudo, acabamos nos isolando sem saber que o amigo também precisa de nós.

Eles se encontram pelo mundo digital e têm um curto diálogo.

Ela escreve:
- Quero sumir. Ninguém tem tempo pra mim.

Ele responde:
- Minha vida está um turbilhão. Nesses últimos dias, acabei ficando muito em casa. Problemas e mais problemas.

Ela completa:
- Nem me fale. As coisas por aqui também não vão nada bem.

Ele diz:
- Então vamos rodopiar juntos?!

E o elo que os uniam, que parecia estar fraco, se mostra cada vez mais forte. E um sorriso estampa o rosto dele em frente ao computador...


Post dedicado à amiga Tainá Coelho.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

overbooking

O overbooking nada mais é do que a comercialização de bilhetes aéreos ou apartamentos em número acima dos disponíveis para ocupação. Em suma, é quando há gente demais para espaço de menos. Coisas demais para poucas gavetas. Você sabe que tem que guardar tudo, mas não sabe onde colocar.

De repente, você trava. Todos aqueles badulaques, objetos, lembranças e sentimentos ficam na sua frente. Espalhados, desorganizados. E, não parece haver fórmula para po-los em seus devidos lugares. Pois nem sabe qual lugar seria. Não há receita. Os rostos estampam os estandartes de suas vidas.

É aquele momento de angústia. Da perda das palavras. Do raciocínio confuso. Do tumulto. Cada um deseja seu lugar no avião, de preferência na janela. Todos querem um lar para chamar de seu no vistoso condomínio. Contudo, não há como solucionar os pedidos. Alguém ficará de fora. Terá que pegar outro vôo. Esperar a nova fase do empreendimento. Ou será descartado, na pilha dos recicláveis, na sacola para doação, no saco de lixo.




Em homenagem aos amigos: Gustavo Leão, Carolina Vieira de Paula e Sibelle Paes.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Eu amei você
Amei. Simplesmente amei.
Sem definições, medidas ou prazos.
Amei de um modo a não precisar de complementos.
Amor. Puro. Mortal.
Amei você, estar ao seu lado.
Amei o dormir e o acordar.
Amei seu sorriso, seu beijo,
E o aconchego do seu braço.
Amei na alegria, na tristeza, na saudade.
Amei o amor. Amei meu amado.
Amei nossa amizade, nosso companheirismo.
Amei nossa intimidade, nosso futuro.
Mas amei, no passado.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Luto?

O que devemos fazer quando matam o amor que vivia em nós?

A chave

Nunca imaginei, exceto em casos de morte, que algo em minha vida mudaria como o desligar de uma chave de força. Em um momento há; no seguinte, não. Hoje aconteceu. Uma decepção sem tamanho me acometeu. Foi como se no momento a chave tivesse sido desligada.

Depois do abaixar, nada mais eu senti. Preocupação, saudades, medo... Acho que nem carinho eu senti. É como sem nem fosse mais a minha vida aquilo que até dois minutos antes do desligar me tomava o ser, que me completava.

A chave desligou. E levarem o fusível.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Triologias

As continuações ou sequencias de filmes da indústria cinematográfica são basicamente artifícios para, usando uma fórmula consagrada, gerar lucro garantido na temporada de Blockbusters.

E quando insistimos em continuações nas nossas vidas? Você já viu o 1 e o 2 da bendita Trilogia. Achou o 1 bom, o que o levou a assisti-lo novamente. O 2 foi legalzinho. Um amigo que não tinha visto o convenceu a ir com ele, e você foi. Agora lançam o 3. Cartaz bacana. Trailler bem elaborado (que você tem certeza conter todas as partes boas do filme em questão). Traillers são prévias de filmes. Em alguns casos deveríamos nos contentar com aqueles mágicos 3 ou 5 minutos assistidos no PC em busca de novidades.

Bem, você está lá de bobeira no shopping, passa em frente ao complexo de salas de cinema e o horário bate. Seguir na trilogia ou deixar que sua mente complete a história? Reviver mais alguns momentos com personagens que você gosta ou comprar outro bilhete?

Você sabe que, no fim da trilogia, possivelmente o roteiro vai ser fraco, talvez os efeitos especiais sejam fantásticos e algumas piadinhas o façam rir. Ou se deixaria levar pelo misterioso filme franco-sueco que se apresenta com um cartaz modesto, atores desconhecidos - com nomes impronunciáveis -, e que um amigo cult disse que era desconcertante?

Muitas das vez, por medo do desconhecido ou por saudades, entramos na sala da Trilogia. Não que a experiência não seja boa. Contudo, fechamo-nos para o novo. Ou ainda há uma surpresa...

Mudaram o roterista da Trilogia. Um diretor ligado a novas propostas cinematográficas assumiu as rédeas do filme. Aquele ator que parecia estar em fim de carreira se revigora e tem atuação digna de Cannes, Berlim e Oscar. Ou...

O filme franco-sueco era mesmo foda. E o faz virar fã de produções suecas, busca outros trabalhos do diretor, encanta-se pela trilha sonora. E, num arroubo, você está morando na Suécia.

Enfim, a gente nunca sabe onde as escolhas na fila do cinema vão nos levar. De volta à trilogia ou para o desconhecido...

Atualização: O 3º filme é uma farsa. Siga meu conselho: não seja burro para entrar nessa sala.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

“Gravitation cannot be held responsible for people falling in love.”
Albert Einstein

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Meu programa japonês

Estranho. Assim posso definir o atual momento de minha vida. Como assistir um programa japonês de TV sem legenda nem sinopse. Você vê. Contudo, não reconhece perfeitamente os signos que são apresentados. Não entende o que é dito nem sabe o significado daqueles rabiscos que eles insistem em chamar de letras.

Nos últimos seis meses vivo com certo estranhamento a minha própria vida. Em um período de 2008, cheguei a imaginar que havia, enfim, colocado tudo nos trilhos. Carreira, relacionamento, família, amigos, sonhos. Tudo parecia encaminhado e com resultados mais que positivos para 2009.

Uma soma de eventos e desventuras me trouxe aqui. Passado meio ano de 2009, nada do que estava encaminhado se consolidou. E, ainda, acabei perdendo duas grandes referências que me acompanhavam desde 2003. Uma profissional e outra de vida.

No começo do ano, fiquei sem emprego. Aquele que eu um dia achei que seria mesmo o meu futuro. E, agora, vivo o fim de um relacionamento afetivo, amoroso e afins. O qual sonhamos que poderia ser para sempre.

Consegui superar relativamente rápido a situação de desemprego – em menos de um mês já estava em uma nova empresa. Mas, ficou aquela sensação do que poderia ter sido.

O relacionamento findou em junho. Foi tudo decidido calmamente e muito racionalmente. Decidimos correr os riscos de tentar novos relacionamentos que nos fizessem felizes.

Já me peguei olhando para o presente sem entender direito o que cada situação representa, o que cada palavra ou ato significam. Cá estou em frente ao meu desorientado apresentador de olhos puxados, que grita mais do que fala em um cenário de cores berrantes e com um dinossauro de espuma verde. Não entendo nada desse programa e não sei como vai acabar.